Além de reciclar o lixo e plantar árvores, há uma nova maneira de se engajar na campanha por um mundo melhor: adote cosméticos verdes, fabricados por empresas engajadas em ações ecologicamente corretas
Por Sandra Hirata
Revista Claudia
OS ORGÂNICOS
Esses cosméticos baniram os agrotóxicos do cultivo de seus componentes e eliminaram da fórmula ingredientes derivados de petróleo e substâncias sintéticas, como corantes, fragrâncias e conservantes. "A idéia é preservar tanto o planeta quanto a saúde dos consumidores", diz Maurício Pupo, especialista em cosmetologia, de São Paulo.
Uma pesquisa recente feita pelo National Institute of Occupational Safety and Health, nos Estados Unidos, detectou que há mais de 800 substâncias químicas tóxicas sendo usadas na formulação de cosméticos, especialmente na forma de conservantes e detergentes. "Essaconstatação é levada a sério lá fora. Desde 2005, houve um aumento de 40% na venda de produtos de beleza orgânicos na França e de 20% na Itália", garante a engenheira química Sônia Corazza, de São Paulo.
Por aqui, são poucas as marcas (Reserva Folio, Florestas e Magia dos Aromas) que já conseguiram criar produtos totalmente orgânicos, com selos de certificação concedidos pelo Instituto Biodinâmico (IBD) e pela Ecocert, entidades que regulamentam esse mercado no Brasil.
Algumas empresas optaram por incluir um ou outro ingrediente orgânico em suas linhas, além, é claro, de eliminar as substâncias nocivas. O sabonete líquido da Phytophilo, por exemplo, tem açaí e aloe vera orgânicos devidamente certificados.
OS SUSTENTÁVEIS
São feitos com matéria-prima vegetal cuja extração obedece a rigorosos critérios que impedem seu esgotamento na natureza e promovem o desenvolvimento das comunidades que participam do plantio e da colheita.
É o que acontece com os ativos originários da Amazônia, como a andiroba, usada em cremes hidratantes. "Educamos as comunidades ribeirinhas para colher apenas o fruto que cai do pé depois da época das chuvas. Dessa forma, a árvore permanece intacta", explica Daniel Sabará, diretor-geral da Beraca, empresa que coordena 460 comunidades na região e fornece matéria-prima para vários fabricantes da área de beleza.
Pioneira no desenvolvimento de produtos verdes no Brasil, a Natura defende a bandeira de que cosmético sustentável deve gerar emprego e melhorar a qualidade de vida dos pequenos agricultores envolvidos no extrativismo. "Inauguramos uma fábrica em Benevides (PA), de onde saem a massa e os óleos vegetais usados na fabricação dos sabonetes da linha Ekos. Quem faz a colheita de maneira planejada é a comunidade local", conta Paulo Lalli, vice-presidente de operações e logística da empresa.
Outro exemplo bem-sucedido de sustentabilidade é o óleo de castanha-do-pará extraído pelos índios caiapós, da Terra Indígena do Baú, em Altamira (PA).
Em parceria com a ONG Amigos da Terra, os índios conseguiram um importante selo verde, o Forest Stewardship Council (FSC), certificado que garante que a matéria-prima extraída preserva o ambiente e promove o desenvolvimento econômico sem agredir a cultura local. O óleo é o ingrediente principal da linha de produtos capilares da Nunaat, criada exclusivamente para ser exportada para França e Portugal.
OS RECICLÁVEIS
Entram nessa classificação cosméticos cujas empresas se preocupam em reduzir e reciclar as embalagens de seus produtos, diminuindo o impacto ambiental.
É o caso da linha Nativa Spa, do Boticário, que dispensou as caixas de papel que acondicionam os frascos - apenas o sabonete é vendido dentro de uma caixinha.
Na proposta de reutilização, a Natura é campeã de iniciativa. Cerca de 140 produtos, inclusive os da linha de maquiagem, possuem refil. Assim, utilizam, em média, 50% a menos de recursos naturais do que as embalagens convencionais.
A empresa também emprega pet (plástico) reciclado nos recipientes dos óleos corporais da linha Ekos. O material é recolhido pelo projeto Rede Cata-Bahia, cooperativa que ajuda os catadores e aumenta a vida útil de aterros sanitários.
Outra iniciativa interessante é o uso de frascos oxibiodegradáveis nos hidratantes Econatural, da La Façon. "Em contato com a luz e o calor, a embalagem se autodegrada dois anos após a data de fabricação", garante Miriam Kulmann, diretora da marca.
OS PRÓ-BICHOS
São os cosméticos fabricados por empresas que não fazem testes em animais, como a Avon e a Ecologie. Algumas já foram reconhecidas por isso: em maio deste ano, a linha Amazônia Preciosa, da Surya Henna, recebeu o selo da Vegan Action, organização internacional que combate os maus-tratos aos animais, o consumo de produtos de origem animal e qualquer ação agressiva à fauna.
"Entre os experimentos cruéis que rejeitamos firmemente está o Draize Eye Test, no qual coelhos 'emprestam' seus olhos para avaliar substâncias potencialmente irritantes", afirma Juliana Mainen, coordenadora de meio ambiente da Surya Henna, em São Paulo. "É uma prática infundada, pois pode-se fazer o mesmo em células de córneas mantidas in vitro."
Em 2003, indignada com testes como esse, a entidade ambiental Projeto Esperança Animal (PEA) divulgou uma lista das empresas que testam e das que não testam seus produtos em animais.
"Fica no nosso site e é atualizada constantemente. Todas as empresas citadas são contatadas e recebemos respostas surpreendentes",
diz Ana Gabriela de Toledo, vice-presidente do PEA. "Muitas se orgulhavam de nunca ter adotado a prática, outras dizem que não conseguem abrir mão dos testes. É bom lembrar que a Anvisa apenas exige que os produtos sejam seguros. Quem escolhe a forma de testá-los são as empresas. Acredito que, se deixarmos de comprar produtos que maltratam os animais, essas empresas vão encontrar alternativas menos cruéis rapidamente."
Conheça alguns produtos que se encaixam na categoria "verde" no site www.claudia.com.br
Por Sandra Hirata
Revista Claudia
OS ORGÂNICOS
Esses cosméticos baniram os agrotóxicos do cultivo de seus componentes e eliminaram da fórmula ingredientes derivados de petróleo e substâncias sintéticas, como corantes, fragrâncias e conservantes. "A idéia é preservar tanto o planeta quanto a saúde dos consumidores", diz Maurício Pupo, especialista em cosmetologia, de São Paulo.
Uma pesquisa recente feita pelo National Institute of Occupational Safety and Health, nos Estados Unidos, detectou que há mais de 800 substâncias químicas tóxicas sendo usadas na formulação de cosméticos, especialmente na forma de conservantes e detergentes. "Essaconstatação é levada a sério lá fora. Desde 2005, houve um aumento de 40% na venda de produtos de beleza orgânicos na França e de 20% na Itália", garante a engenheira química Sônia Corazza, de São Paulo.
Por aqui, são poucas as marcas (Reserva Folio, Florestas e Magia dos Aromas) que já conseguiram criar produtos totalmente orgânicos, com selos de certificação concedidos pelo Instituto Biodinâmico (IBD) e pela Ecocert, entidades que regulamentam esse mercado no Brasil.
Algumas empresas optaram por incluir um ou outro ingrediente orgânico em suas linhas, além, é claro, de eliminar as substâncias nocivas. O sabonete líquido da Phytophilo, por exemplo, tem açaí e aloe vera orgânicos devidamente certificados.
OS SUSTENTÁVEIS
São feitos com matéria-prima vegetal cuja extração obedece a rigorosos critérios que impedem seu esgotamento na natureza e promovem o desenvolvimento das comunidades que participam do plantio e da colheita.
É o que acontece com os ativos originários da Amazônia, como a andiroba, usada em cremes hidratantes. "Educamos as comunidades ribeirinhas para colher apenas o fruto que cai do pé depois da época das chuvas. Dessa forma, a árvore permanece intacta", explica Daniel Sabará, diretor-geral da Beraca, empresa que coordena 460 comunidades na região e fornece matéria-prima para vários fabricantes da área de beleza.
Pioneira no desenvolvimento de produtos verdes no Brasil, a Natura defende a bandeira de que cosmético sustentável deve gerar emprego e melhorar a qualidade de vida dos pequenos agricultores envolvidos no extrativismo. "Inauguramos uma fábrica em Benevides (PA), de onde saem a massa e os óleos vegetais usados na fabricação dos sabonetes da linha Ekos. Quem faz a colheita de maneira planejada é a comunidade local", conta Paulo Lalli, vice-presidente de operações e logística da empresa.
Outro exemplo bem-sucedido de sustentabilidade é o óleo de castanha-do-pará extraído pelos índios caiapós, da Terra Indígena do Baú, em Altamira (PA).
Em parceria com a ONG Amigos da Terra, os índios conseguiram um importante selo verde, o Forest Stewardship Council (FSC), certificado que garante que a matéria-prima extraída preserva o ambiente e promove o desenvolvimento econômico sem agredir a cultura local. O óleo é o ingrediente principal da linha de produtos capilares da Nunaat, criada exclusivamente para ser exportada para França e Portugal.
OS RECICLÁVEIS
Entram nessa classificação cosméticos cujas empresas se preocupam em reduzir e reciclar as embalagens de seus produtos, diminuindo o impacto ambiental.
É o caso da linha Nativa Spa, do Boticário, que dispensou as caixas de papel que acondicionam os frascos - apenas o sabonete é vendido dentro de uma caixinha.
Na proposta de reutilização, a Natura é campeã de iniciativa. Cerca de 140 produtos, inclusive os da linha de maquiagem, possuem refil. Assim, utilizam, em média, 50% a menos de recursos naturais do que as embalagens convencionais.
A empresa também emprega pet (plástico) reciclado nos recipientes dos óleos corporais da linha Ekos. O material é recolhido pelo projeto Rede Cata-Bahia, cooperativa que ajuda os catadores e aumenta a vida útil de aterros sanitários.
Outra iniciativa interessante é o uso de frascos oxibiodegradáveis nos hidratantes Econatural, da La Façon. "Em contato com a luz e o calor, a embalagem se autodegrada dois anos após a data de fabricação", garante Miriam Kulmann, diretora da marca.
OS PRÓ-BICHOS
São os cosméticos fabricados por empresas que não fazem testes em animais, como a Avon e a Ecologie. Algumas já foram reconhecidas por isso: em maio deste ano, a linha Amazônia Preciosa, da Surya Henna, recebeu o selo da Vegan Action, organização internacional que combate os maus-tratos aos animais, o consumo de produtos de origem animal e qualquer ação agressiva à fauna.
"Entre os experimentos cruéis que rejeitamos firmemente está o Draize Eye Test, no qual coelhos 'emprestam' seus olhos para avaliar substâncias potencialmente irritantes", afirma Juliana Mainen, coordenadora de meio ambiente da Surya Henna, em São Paulo. "É uma prática infundada, pois pode-se fazer o mesmo em células de córneas mantidas in vitro."
Em 2003, indignada com testes como esse, a entidade ambiental Projeto Esperança Animal (PEA) divulgou uma lista das empresas que testam e das que não testam seus produtos em animais.
"Fica no nosso site e é atualizada constantemente. Todas as empresas citadas são contatadas e recebemos respostas surpreendentes",
diz Ana Gabriela de Toledo, vice-presidente do PEA. "Muitas se orgulhavam de nunca ter adotado a prática, outras dizem que não conseguem abrir mão dos testes. É bom lembrar que a Anvisa apenas exige que os produtos sejam seguros. Quem escolhe a forma de testá-los são as empresas. Acredito que, se deixarmos de comprar produtos que maltratam os animais, essas empresas vão encontrar alternativas menos cruéis rapidamente."
Conheça alguns produtos que se encaixam na categoria "verde" no site www.claudia.com.br
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