sexta-feira, 29 de junho de 2007

Organização não-governamental quer projeto de coleta de resíduo em Piracicaba

ELIANA TEIXEIRA

A energia verde é um dos principais temas na pauta mundial de discussões sobre qualidade de vida, recuperação do meio ambiente ou, pelo menos, de tentativas de diminuição da poluição e dos efeitos do aquecimento global. O óleo de cozinha, aquele utilizado para fritura dos alimentos e geralmente descartado pelos consumidores residenciais e industriais, pode ser reaproveitado como biocombustível.

Segundo Marcos Marcelo de Moraes e Matos, presidente da ONG Academia de Gestão Pública (Agespub), uma família com quatro pessoas consome em média um litro de óleo por semana. O consumo em um restaurante de médio porte gira em torno de 10 litros/dia. "Há uma usina em Piracicaba que pode produzir o biocombustível, a partir do momento em que houver entidades que coletem o óleo", enfatiza.

Embora ainda não haja logística para a coleta do óleo, Matos diz que a usina de Piracicaba tem capacidade para produzir 400 litros de biocombustível por dia. O objetivo do projeto, em fase embrionária, é que o óleo resultante de frituras residencial e industrial seja doado a entidades filantrópicas, para que possam vendê-lo à usina produtora de biocombustível, aumentando suas fontes de recursos financeiros. "Essa usina iria produzir o biocombustível de acordo com as normas da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP)", enfatiza.

Na produção de biocombustível, explica o presidente da Agespub, 10% do óleo são descartados e 10% resultam em glicerina, utilizada na fabricação de sabonetes. "Mesmo com as perdas, temos 80% em biocombustível", destaca. A intenção da ONG é promover até a segunda quinzena deste mês palestras com entidades civis e filantrópicas para demonstração da importância da coleta do óleo de cozinha e dar início ao projeto.

A Agespub foi fundada em 2006 e tem entre suas metas de trabalho, a fomentação de práticas alternativas para a redução da emissão de gás carbônico (CO2) na atmosfera. O objetivo da ONG é colocar em prática, ainda neste ano, o projeto de transformação do óleo de cozinha em biocombustível. A ONG, destacam Wlamir do Amaral, secretário executivo da Agespub, e Sérgio Camarda, secretário geral, procura incentivar boas ações e divulgar práticas positivas realizadas nas administrações públicas de cidades integrantes da Bacia do Rio Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), promovendo seminários, cursos e capacitação.

Para prestar esse tipo de serviço, a Agespub firmou convênios com a Universidade Metodista de Piracicaba e conta com o apoio de professores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz e Escola de Engenharia de Piracicaba. A idéia da usina partiu da observação da realidade do município de Indaiatuba, pertencente à Bacia PCJ. "Em Indaiatuba, a usina utiliza tecnologia da Unicamp", afirmam.

A produção da usina, observam, chega a um mil litros por hora de biocombustível a partir de óleo de cozinha, que iria para o esgoto, caso não houvesse o projeto de aproveitamento. A usina de Indaiatuba é municipal e a prefeitura faz a coleta do óleo em estabelecimentos comerciais.

Toda a produção de biocombustível é utilizada no abastecimento da frota do Serviço de Água e Esgoto de Indaiatuba. "Queremos incentivar outros gestores públicos integrantes da Bacia PCJ a implantar em seus municípios usinas que fabriquem biodiesel a partir do óleo de cozinha", ressaltam. A Agespub caracteriza-se pela promoção de intercâmbio, troca de experiências bem sucedidas de uma cidade para outra, principalmente, no que se refere a projetos ambientais que visem a recuperação de Áreas de Preservação Permanente (APP), melhora da qualidade e quantidade da água da Bacia, que possui cerca de 60 municípios.

Além do projeto de aproveitamento de óleo de fritura, a ONG pretende incentivar os municípios da Bacia a desenvolver projetos de recuperação de aterros sanitários. A queima do biogás que é formado por grande parte de metano, afirmam os diretores da ONG, também emite CO2 à atmosfera. "Para evitar esse problema ambiental, é necessário a colocação correta de queimadores com filtros, preparação do solo com encanamentos específicos. O biogás pode ser aproveitado como fonte de recurso", enfatizam.

Mais informações, pelos e-mails: marcosmarcelo@agespub.com.br; contato@agespub.com.br; camarda@agespub.com.br.


Fonte: Caderno Cidades - Gazeta de Piracicaba

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